domingo, 8 de fevereiro de 2009

O Mundo é uma Lombra: Uma mini-biografia/entrevista do Lombra Coletivo

Pessoal, a galera do CMI (Centro de Mídia Independente) nos contactou essa semana para realizarem a publicação de uma mini-biografia do nosso modesto coletivo. Só podemos dizer que ficamos muito satisfeitos com o resultados e abaixo segue uma cópia do que está rolando no site.


http://prod.midiaindependente.org/pt/blue/2009/02/440506.shtml







Orlando, Ivich e Rebeca


“A alma é um negócio que é maior que o corpo, mas que cabe no coração”, disse, em entrevista inclusiva para o Jornal Semanal do Núcleo de Serviço à Arte, o irreverente poeta e correspondente do quase-diário internético Lombra Coletivo (www.lombracoletivo.blogspot.com) Orlando, que é, também, produtor musical dono do selo Trompete e músico amador.
O LC é, atualmente, o mais badalado núcleo de artes da web, cultuado por jovens fãs de toda a Grande Recife. Autor de frases normalmente controversas e contracorrentes, Orlando, apesar de escrever bastante sobre a vida social de uma das mais agitadas capitais do país, não gosta de ser alvo de críticas, positivas ou negativas, da mídia e comumente recusa-se a dar depoimentos ou participar de entrevistas, mas pareceu bem humorado e inspirado junto aos seus também reclusos colegas de site − Rebeca Del Rio e Ivich − na primeira entrevista de que participou, no primeiro dia do ano de 2009, na sede do Núcleo de Serviço à Arte.
A conversa não girou apenas em torno da criação, desenvolvimento e importância do coletivo, mas abordou pontos como a participação individual de cada um dos colaboradores do quase-diário na comunidade − especialmente a virtual − e uma possível parceria, ainda não definida, com o NSA no que diz respeito a certos programas sociais também ainda não definidos. Segue algumas perguntas feitas aos integrantes do site:

JSNSA – Cultura parece ser a palavra chave do coletivo. Para vocês, o que significa “cultura”?
Ivich – Cultura é o que há de mais contraditório na história da humanidade. Significa tanto choque, quanto união. O que o Lombra quer fazer é justamente isso, chocar para unir.

Ivich é o integrante mais empreendedor do grupo. Diretor administrativo da rede de galerias Muitobom, o rapaz de apenas 20 anos consegue apoios e patrocínios para vários artistas protegidos do site. A aclamada exposição Sub Ver Ter, de Alice Durdier, teve como maior articulador Ivich, assim como a produção do premiado documentário The Legion, de Guilherme Benzaquen.

JSNSA – E “lombra”? O que é “lombra” para vocês?
Orlando – Muita gente nos pergunta isso. Infelizmente, nós não podemos responder. Ao longo dos anos, a palavra “lombra” adquiriu vários sentidos e, em todos eles, pode-se notar uma relação direta, indireta ou irônica com o coletivo. O que a gente quer fazer com isso é estimular a criatividade. Como um grande sábio já disse: não se dá o peixe, dá-se a vara. A gente quer dar a vara para todo mundo.
JSNSA – Como foi criado o Lombra? De onde veio a inspiração? Vocês foram bastante criticados no início? Ou houve apoio?
Orlando – Todo mundo pensa que a idéia veio como uma paródia do Lumo Coletivo, mas não é verdade, se o logolombra e se o nome nos trai na busca por uma identidade própria, fica no ar a confusão, porém o conceito é outro. Não procede, a simplificação. A nossa idéia, mesmo, era abrir espaço para a arte underground, criar manifestos, destruir manifestos e mostrar para o grande público que arte é mais do que essa nova fase do cinema nacional ou a cena musical independente pernambucana. Foi pensando nisso que a gente criou o Quintal do Lombra, um evento musical que reuniu duas bandas inovadoras no quesito inovação e, mesmo assim, adoradas do grande público, a Olga Death’s Enthusiasts e a Rappynning.
JSNSA – A respeito do Quintal da Lombra... Vocês noticiaram no blog todos os preparativos para o evento, mas nunca comentaram o que aconteceu na festa. Como não havia ninguém da mídia presente e poucas pessoas compareceram, fica difícil distinguir, nas estórias que se ouvem do festim, lenda de verdade. E então? O que, realmente, aconteceu no Quintal?
Rebeca Del Rio – Se a gente conseguisse lembrar... (risos)

A estudante de Artes Cênicas Rebeca Del Rio, única mulher do coletivo, organiza a estética do blog. Ela faz trabalhos variados, desde o design gráfico da página, até a montagem de palco e cenários dos filmes da produtora Cenafilmes, associada ao Lombra, sem contar, é claro, com os posts que escreve, muitos deles relacionados às artes plásticas, sua grande paixão.

JSNSA – Desde que o blog foi criado, vocês propuseram dois concursos, o de poesias Tenha o seu nome num fanzine e o de Musa do Lombra, este feito em sigilo. Tem mais concurso vindo por aí?
Rebeca Del Rio – Por enquanto, não. Estamos pensando em realizar um concurso de pseudodocumentários a ser exibido no Youtube, mas, como a equipe de cinema do Lombra está ocupada num projeto confidencial, nós estamos em falta de curadores. De toda forma, não é nada certo, pode ser que não saia mesmo.
Ivich – Nós fazemos, também, várias oficinas. As últimas, que estão postadas no site, foram a de fotografia e Stop Motion e a de confecção de elementos carnavalescos com massa de biscuit.

Uma estranha luz emana destes jovens. São espíritos inquietos, sem receio de caminhar na tortuosa trilha da produção cultural. Com o fluxo de informação e sentimento que suas antenas afiadas captam, em seus corações e cabeças formentou-se a síntese do amor livre dos hippies, do “Do It Yourself” dos punks e, por que não?, a essência revoltosa e disforme dos nossos jovens heróis das “Diretas Já!”.
O Lombra é definitivamente um coletivo. É uma força contestadora e gauche que cresce a todo momento, espalhando seus bits e batidas por aí. Derivando. Espraiando.

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